Espaço de discussão e reflexão sobre a MEMÓRIA/TEMPO na construção do espetáculo de dança contemporânea "INPUT" da desCompanhia de dança. O projeto foi contemplado pelo Edital de Dança de Produção da Fundação Cultural de Curitiba e será estreado no dia 05 de Junho de 2014 no Teatro Kraide do Portão Cultural em Curitiba. Para maiores informações sobre a cia favor acessar o nosso blog www.descompanhia.blogspot.com

quinta-feira, 24 de abril de 2014

nas páginas 110. do Saramago

A mãe e os filhos chegaram a Lisboa na Primavera de 1924. Nesse mesmo ano, em Dezembro, morreu o Francisco. Tinha quatro anos quando a broncopneumonia o levou. Foi enterrado na véspera de Natal. Em rigor, em rigor, penso que as chamadas falsas memórias não existem, que a diferença entre elas e as que consideramos certas e seguras se limita a uma simples questão de confiança, a confiança que em cada situação tivermos sobre essa incorrigível vaguidade a que chamamos certeza. É falsa a única memória que guardo do Francisco? Talvez o seja, mas a verdade é que já levo oitenta e três anos tendo-a por autêntica...

Livro: AS PEQUENAS MEMÓRIAS de José Saramago.


fica aqui uma vontade de confiar em nossa memória, acreditar e coloca-la para fora de um jeito especial, às vezes não com tanta certeza, mas, pensando o como a colocamos no mundo/ espetáculo.


Pedro. 

terça-feira, 22 de abril de 2014

tentativa de...

http://letras.mus.br/tsuyoshi-nagabuci/507850/traducao.html


atenção para o meu sotaque Japonês hein gente!!!

cantando

Brindemos

Pensando nos fortes laços de amizade
Da juventude, cujos dias não nos cansamos de narrar:
Oras mágoas, oras alegria
E aquele dia em que os amigos deram força um ao outro?
Quanto tempo terá passado desde aquele dia?
Quantos ?pôr de sol? foram contados?
O amigo da terra natal
ainda permanece dentro do seu coração?

Brindemos! Pois agora você está sobre o
Grande, grande palco da vida,
E começou sua caminhada sobre uma longa e distante estrada
Que você seja feliz!

Aquelas duas pessoas sob a luz de velas
Estão se entreolhando dessa forma
Grandes alegrias e poucas tristezas
Quero cantar com grande emoção ,
Banhando-se na luz do amanhã
Siga sem olhar para trás
Mesmo contra o vento, mesmo contra a chuva
Só não vire as costas para o amor no qual você acredita.


a música que cantei (traduzida) para vocês no ensaio.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

dias com José Saramago...

tive que escolher um livro, fui pelo título e depois pelos autores e me caiu na mão "AS PEQUENAS MEMÓRIAS" José Saramago.

"Às vezes pergunto-me se certas recordações são realmente minhas, se não serão mais do que lembranças alheias de episódios de que eu tivesse sido actor inconsciente e dos quais só mais tarde vim a ter conhecimento por me terem sido narrados por pessoas que neles houvessem estados presentes, se é que não falariam, também elas, por terem ouvido contar a outras pessoas."

Fico a pensar em minhas/nossas memórias, de como está sendo gostoso e proveitoso aproveitá-las e utiliza-las, misturando todas e deixando com as nossas caras.


pEDRO pAULO.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

segunda-feira, 7 de abril de 2014

cheiros

gente ontem vi isso na tv e gostei um pouco de saber como ela resgatou a memóri dela. olhem ai.

http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/04/marido-tem-que-reconquistar-mulher-que-perdeu-11-anos-de-memoria.html



Marido tem que reconquistar mulher que perdeu 11 anos de memória

Sabrina tem marido e três filhos. Mas, um dia, acordou e não reconhecia mais a própria família, nem a casa, nem os amigos.

Sabrina tem marido e três filhos. Mas, um dia, acordou e não reconhecia mais a própria família, nem a casa, nem os amigos. Ela tinha esquecido seus últimos 11 anos de vida e teve que empreender uma emocionante jornada de volta.
O nome dela é Sabrina, disso ela nunca se esqueceu. Mas, de repente, outras referências tão íntimas quanto o próprio nome desapareceram da memória dela. A empreendedora responsável por projetos sociais no mundo todo, mãe de três filhos, passou mal em casa e foi dormir.
“Quando acordou, já não era a Sabrina, já tinha ido embora. A Sabrina que tinha voltado era uma Sabrina completamente diferente da pessoa que eu conhecia”, lembra o marido de Sabrina, Rafael Velasco.
“Eu já não sabia onde eu estava, quem era ele, as crianças, a casa, nada”, ela conta.
Foi em julho de 2013. “Eu não sei o que aconteceu no dia, tem que perguntar para ele”, brinca Sabrina.
O espanhol Rafael é o segundo marido da Sabrina. “Até que ele viu que a coisa era grave e chamou uma ambulância”, conta.
Desorientada, Sabrina afirmava para os médicos: estamos em maio de 2002. “Na minha mente, eu estava com 21 anos, eu já tinha voltado 11 anos atrás”, lembra.
Só que em 2002, Sabrina era casada com Vinicius, e o filho mais velho, hoje com 12 anos, tinha três meses de idade. O que aconteceu de 2002 até 2013 foi o que se apagou da memória dela.
“Todas as nossas experiências juntos, ela não se lembrava”, diz o menino.
“Ela chamava o ex-marido dela, que é o pai do ‘bebê’. ‘E o Vinicius? Onde está o Vinicius?’. Eu dizia: ‘filha, o Vinicius não é mais o seu marido’. E ela ficava desesperada: ‘mãe, como assim? Você está querendo me enganar por quê?’”, explica a mãe Doris Campos.
Quando deixou o pronto-socorro, Sabrina achou que voltaria para o endereço de 11 anos antes.
“Minha mãe me levou para a minha casa, e eu falando para ela:’ mãe, eu não moro no oitavo andar, eu moro no sexto. E esse daqui não é o meu prédio’”, lembra Sabina.
Fantástico: Quando ela entrou no apartamento, qual foi a reação dela?
“Ela ficou assustadíssima, e querendo sair e a gente forçando ela a entrar e ela querendo sair. E o pior era ver aquelas criancinhas assim buscando a mãe”, conta a mãe.
Tentando uma resposta, Sabrina e a mãe dela passaram pela emergência de mais três hospitais.
Um deles foi o Hospital das Clínicas de São Paulo. Os exames neurológicos não revelaram nenhum problema físico. No prontuário, o diagnóstico foi transtorno dissociativo de memória. Sabrina foi orientada a tomar remédios e a procurar um psiquiatra.
Adriana Fizman, especialista da Universidade Federal do Rio de Janeiro, explica que a causa desse tipo de amnésia geralmente são traumas que o paciente não enfrentou direito, como se o sofrimento fosse sempre adiado.
“Trauma emocional muito intenso, vividos principalmente nas vidas de infância, adolescência”, ela explica.
De fato, Sabrina conta que seu passado foi marcado por um caso de abuso e por algumas perdas violentas, episódios que ela deixou meio de lado. E que, já adulta, ela dormia muito pouco e trabalhava demais.
“O estresse, a má alimentação, a falta de sono podem desencadear uma doença cardíaca em um, transtorno do pânico no outro. No caso dela, fez com que ela adoecesse dessa forma”, avalia a especialista.
Sabrina começou a usar a medicação prescrita no hospital, mas não se adaptou aos efeitos que os remédios causavam.
“Quando eu tomava a medicação, não me lembrava de nada. E quando passava o efeito, eu começava a lembrar de algumas coisas. E aí eu comecei a anotar em um caderno”, conta.
E começou a abrir uma porta para os 11 anos esquecidos.
Sem a memória dos últimos anos, Sabrina começou a andar muito por São Paulo tentando reconhecer a cidade, os lugares que frequentava, os amigos. E, nessa busca pela identidade, descobriu que algumas coisas a mente dela tinha apagado, mas o coração, não.
Logo nas primeiras semanas de amnésia, Sabrina tinha percebido que o contato com as pessoas mais próximas estimulava a memória afetiva e confiou nelas.
“Fui para o Parque Trianon com a minha mãe e a minha irmã e com um amigo dela, e eu vi as pessoas com tablet tirando fotos. Eu olhava aquilo e falava: ‘como assim? Vocês estão falando que eu estou em 2013, quer dizer que no futuro em vez de as coisas ficarem menores elas ficam maiores? Por que as máquinas fotográficas ficaram desse tamanho?’”, lembra.
E ouviu de um amiga as palavras que a fizeram tentar de vez retomar a própria história: “Você já decidiu ter essas crianças, eles são fato na sua vida. Eles estão vivendo o luto de uma mãe viva. Eles sabem que você não lembra deles, eles precisam de você’. Acho que, na mesma noite, eu liguei para o Rafa e falei: ‘fica tranquilo que eu vou voltar’”, diz.
Foi aí que começou o trabalho pesado. “Percebi que a minha memória voltava quando eu sentia determinados cheiros ou escutava alguma coisas. Vinham imagens na minha cabeça”, relata.
Em uma tentativa de resgatar as memórias, a família da Sabrina organizou um encontro com amigos de várias épocas, da infância, da adolescência, amigos do trabalho, amigos que ela tinha conhecido recentemente. E aí eles foram contando histórias da vida dela para ela.
A ideia era que, misturados às histórias mais antigas, vivas na memória da Sabrina, os 11 anos perdidos voltassem à tona.
Como o crescimento da irmã, de 13 anos.
“Eu estava passando os meus melhores dias da minha vida com ela, ela me levou em eventos, ela estava realizando o meu sonho. E eu vou começar a chorar. E do nada ela esqueceu de mim e eu não podia falar com ela”, lembra a irmã Camila Campos
Sabrina tapou os olhos e abriu bem o olfato e a audição.
“Então, pouco a pouco, eles foram se apresentando a mim, eu segurava nas mãos deles e perguntava, quem sou eu pra você?”, conta Sabrina.
“Ela me cheirou e lembrou do perfume. Foi uma coisa meio estranha, mas a gente já conhece ela. A gente sabia que o processo seria diferente”, brinca Aniele.
“Acabei reconhecendo a grande maioria pelo cheiro e também pela voz”, diz.
“Eu falava para o Rafa: ‘eu estou lembrando de mim grávida das crianças, estou lembrando do nosso casamento’. E eu comecei a chorar muito, fiquei muito emocionada”, conta.  
E um dia sentiu que estava de volta. “Minha memória voltou no dia 30 de dezembro, eu já comecei o ano de 2014 em 2014”, comemora.
“Ele teve que fazer eu me apaixonar por ele de novo. Porque eu não aceitava ele de forma alguma”, diz Sabrina.
“Foi fácil, ela é o amor da minha vida. Com muito amor, a gente conseguiu”, brinca o marido.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Avalanche

É  a palavra de hoje. Avalanche. É difícil lidar com ela. Às vezes parece que é muito e muito e às vezes parece que não há nada.  que eu fiquei num limbo sem memórias nem palavras. A avalanche pode ser racionalizada? É um pouco sobre a angústia da falta de controle, sobre o ser tomada. Mas às vezes talvez falte  o ímpeto dos impulsos. Mas como não ser apenas desordem? E se a natureza da avalanche for justamente a da (e a da produção de) desordem? Dificuldade de me ater a uma única ideia. Assim como a própria ideia de avalanche, de algo que vai crescendo e tomando tudo ao seu redor, talvez um pouco assim meus pensamentos. Uma pequena impressão ou ideia vai crescendo crescendo e é difícil manter o que havia antes. 
É como se às vezes viesse uma avalanche bem branca e ficasse apenas o vácuo e as coisas sendo sugadas, tudo desestruturando de uma maneira bonita. Mas como achar essa força?
Como ser avalanche autêntica e não interpretação da avalanche?

IMPRESSÕES DO ENSAIO DE 27.03

Por Mariana Mello